Luís de Aguiar é natural de Oliveira de Azeméis, nasceu em Abril de 1979.Concluiu em parte o curso básico supletivo de música clássica no Conservatório Calouste Gulbenkian de Aveiro.É fundador e coordenador do grupo poético Oliveirense.Foi premiado em vários concursos literários no género de poesia.

A voz do silêncio


Prefácio


“As casas do paraíso
são vómitos do inferno!”

Ao Luís
com a admiração que o labor
do seu percurso poético
inteiramente me merece.


Aspiração da palavra poética ao uno, à totalidade; inacessibilidade dolorosíssima do eterno, demasiado humana.
Poesia instauradora de múltiplos jogos de tensões, concretizada, precisamente, num todo que é, por exclusivo poder da criação, um mundo outro, aberto ao indizível, ao que imperfeitamente só pode ser nomeado através da convocação densa das metáforas, ou sua irreparável ausência:
“Não existem metáforas, capazes de imprimir o silêncio ensurdecedor na tristeza que me dissolve…”
O poema abre-se ao jogo infinito das vozes que o habitam, estendendo suas redes finíssimas de plurissignificação:
“Aristóteles e Modigliani praticam palavras na sodomia dos verbos intolerantes e toleráveis…”
“A Voz do Silêncio” do Luís, poeta dado agora a conhecer pelo Prémio Nacional de Literatura Juvenil Ferreira de Castro, é, antes de mais, uma tessitura de silêncios corporizada em vários andamentos-vozes, percorrendo a incessante busca dos sentidos, no seio desse imenso ruído interior e social que é o silêncio, transmutado, – infernalmente – por força do verbo, em:
“Livros: folhas: palavras: desejos…”
Encruzilhadas enlouquecidas à flor da pele: interminável eco da consciência de saber-se manietado pela intraduzível força das palavras.
Cumprida a catarse, eis o poeta ascendendo dessa peregrinação abissal povoada de monstros, interior e incessantemente (re)criados, poema a poema, para cumprir na maldição órfica da sua existência o caminho de todas as miragens.
No seio do ancestral labirinto que é a literatura, esta é uma nova e poderosa inscrição de gritos “íngremes”.



Ivone Bastos Ferreira

No comments: